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APS De Otoneurologia Dos Estudantes De Fonoaudiologia Do Centro Universitário FMU. Docente Adriana Silva Marques. Discentes: Andreza Moraes RA 1877823 Claudia Anselmo RA 8043988 Raísa Guimaraes Acioli RA 7518785 Rebeca Maldonado Vargas RA 1613894 Luis Antonio Brancaccio RA 2325805 Sueli Oliveira Santos RA 2240086 Lanucha Sacchi RA 1231897 Milena Rocha RA 5286058

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Mães defendem filhos xingados por exercer profissões ingratas

 Elas deram à luz político, árbitro, marronzinho, motoboy e telemarketing.
Filhos levam na esportiva e dizem que ataques 'não são para valer'.
Roney Domingos Do G1 SP
Claudicéia ao lado do filho, o juiz de futebol Guilherme Ceretta de Lima (Foto: Roney Domingos/ G1)Claudicéia ao lado do filho, o árbitro de futebol e modelo Guilherme Ceretta de Lima: ela lembra de casos em que riu ao ver torcedor ao lado xingar o juiz  'de tudo quanto é nome'  (Foto: Roney Domingos/ G1)
A dona de casa Claudicéia Ceretta de Lima, de 55 anos, diz já ter perdido as contas das vezes em que ao assistir a um jogo de futebol no estádio ouviu o torcedor ao seu lado chamar o árbitro com aquela expressão que todo mundo conhece bem. "Acontece muito, às vezes do meu lado. A gente escuta de tudo, mas eu não me manifesto", afirma ela. O problema é que ela não é uma torcedora comum. Ela é mãe do árbitro Guilherme Ceretta de Lima, de 27 anos. Apesar disso, Claudicéia diz não se incomodar com os xingamentos e até se diverte com algumas situações. Ela conta que certa vez a noiva de Ceretta estava junto com ela na arquibancada quando um torcedor usou a expressão "filho da p..." e, em seguida, emendou: 'corno'. "Eu cutuquei a Carolina e disse para ela: 'Agora é com você'. Ela nem reagiu. Ficou constrangida", afirma.
Dona Filomena junto ao bisneto Felipe, filho do compositor João Suplicy (à esq) e ao lado do filho, o senador Eduardo Suplicy e das bisnetos Laura, de 8 anos e Maria Luiza, de 7 anos (Foto: Mônica Bohomoletz de Abreu Dallari/ Arquivo pessoal )Dona Filomena junto ao bisneto Felipe, filho de
João Suplicy (à esq) e ao lado do filho - o senador
Eduardo Suplicy - e das bisnetas Laura, de 8 anos
e Maria Luiza, de 7 anos (Foto: Mônica Bohomoletz
de Abreu Dallari/ Arquivo pessoal )
Árbitro presente em momentos como o 100º gol do goleiro Rogério Ceni, Ceretta conta que o xingamento faz parte da alma do torcedor e não tem nada de concreto. "Às vezes, antes de você dar o primeiro passo no campo alguém já xinga. De vez em quando o cara fala: 'Ô Ceretta, filho da p...'" e quando você olha para ele e cumprimenta, ele muda de expressão e para de xingar",  diz.
Embora não seja árbitro, o filho de Dona Maria Almeida Leme de Camargo, de 60 anos, também desperta a ira e expressões inconsequentes quando apita alguma infração. Mãe do agente da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) Leandro Leme Camargo, de 35 anos, ela dá risada ao ser questionada se fica com a orelha queimando quando o filho está na rua, mas afirma que não se incomoda, porque sabe que muita gente reconhece o lado bom dos chamados "marronzinhos". Com dez anos de profissão, o marronzinho Leandro diz que ouve expressões pouco elogiosas várias vezes e até já se acostumou, mas afirma que as agressões estão diminuindo. "Hoje a população entende melhor a necessidade dos agentes de trânsito em São Paulo. Isso vem mudando bastante como passar dos anos."
Maria Almeida e o filho, o agente de tráfego Leandro Camargo (Foto: Roney Domingos/ G1)Maria Almeida e o filho, o agente de tráfego Leandro
Camargo, que vai trabalhar neste Dia das Mães
(Foto: Roney Domingos/ G1)
Já a aflição da dona de casa Maria José Ferreira dos Santos, de 46 anos, começa com os telejornais da manhã, quando ela vê acidentes envolvendo motocicletas. "Às vezes me assusto até quando ele está em casa. Depois me dá um alívio", afirma ela, mãe do motoboy Felipe Santos da Luz, o Tanaka, de 22 anos. Tanaka afirma que nem ouve se alguém xinga a mãe no trânsito. "A gente passa a milhão e nem consegue ver nada", diz ele. Ex-gerente financeira, Maria José lembra que "quando a encomenda chega rapidamente" todo mundo gosta de motoboy.
Ante à pergunta enviada pelo G1 sobre como se sente como mãe de político, Filomena Matarazzo Suplicy, de 103 anos, matriarca de uma das famílias mais tradicionais de São Paulo, afirma que fica feliz ao ver o filho, o senador Eduardo Matarazzo Suplicy, de 70 anos, na política, eleito para três mandatos consecutivos no Senado, de 1999 a 2015, "por causa da confiança que inspira em seus eleitores".
Maria José e o filho, o motoboy Tanaka: 'Às vezes me assusto com a TV até quando ele está em casa" (Foto: Roney Domingos/ G1)Maria José e o filho, o motoboy Tanaka: 'Às vezes
me assusto com acidentes na TV até quando ele
está em casa' (Foto: Roney Domingos/ G1)
Suplicy, que fez a intermediação da entrevista, afirma que a mãe o encoraja a tentar, pela terceira vez, a candidatura à Prefeitura de São Paulo em 2012. Ele foi candidato em 1985 e 1992. "Perguntei-lhe se ela recomenda que seja candidato a prefeito de São Paulo, ela disse que sim." Questionado se em algum momento da vida dona Filomena lhe pediu que desistisse da carreira, o senador diz que não. "Enquanto teve forças, ela sempre me acompanhou em todas as atividades", afirma o senador.
Profissão ingrata
Joana Rodrigues dos Santos Morais, de 56 anos, adquiriu o cartão de crédito pelo telefone e só não fechou o negócio porque, do outro lado da linha, a atendente de telemarketing Andreza Santos Morais de Moura deu uma sonora gargalhada. Dona até de troféu por causa das vendas que já realizou, Andreza não perdoou nem a própria irmã, Cristiane, convencida pelo telefone a comprar o produto. Cristiane conta que ficou sabendo apenas depois de assinar. "Ela falou: 'Cris, você comprou meu cartão.' Eu falei: 'Jura?'"
A atendente de telemarketing Andreza segura troféu de desempenho em vendas, ao lado da mãe, Joana:  ela já vendeu cartão de crédito até para irmã (Foto: Roney Domingos/ G1)Andreza, que vendeu cartão de crédito até para a
irmã, segura troféu de desempenho em vendas, ao
lado da mãe, Joana, que defende as atendentes de
telemarketing (Foto: Roney Domingos/ G1)
O desempenho não fica impune. "Tem gente que xinga. Quanto mais tem dinheiro, mais humilha a gente", afirma. "Já xingaram minha mãe várias vezes, mas levo na esportiva. Nunca chorei porque alguém me xingou na linha." Dona Joana defende a filha. "Acho apenas que elas deviam ser melhor remuneradas e mais bem aceitas pelos clientes", afirma.
Amanda Baptista, de 18 anos, não vendeu cartão para a mãe, Adriana Baptista, de 38 anos, mas a levou para trabalhar na Almaviva, call center localizado no Centro de São Paulo. As duas foram descobertas durante a triagem porque apresentaram endereços idênticos, e recrutadora topou a experiência. Como trabalham em horários diferentes, quando estão distantes uma da outra, elas se falam por mensagem de celular. O vocabulário inclui expressões como TMA (Tempo Médio de Atendimento), de difícil comprensão para quem não é do meio. Elas se divertem com a novidade. "Às vezes a gente está conversando e quem está perto nem entende", diz Amanda.
Colega de trabalho de Adriana e Amanda, Tamires Elizabeth de Oliveira Soares, de 17 anos, que se define como "comunicativa", pede para a mãe dela que nunca desista de receber bem as atendentes de telemarketing. Vanda, de 39 anos, segue o conselho. O ábitro Guilherme Ceretta de Lima, também. E adverte: "Todo mundo tem mãe, né?"
Amanda,  Adriana, Tamires e Vanda no centro de operações de call center no centro de SP (Foto: Roney Domingos/ G1)Amanda e a mãe dela, Adriana, que trabalham em um mesmo call center em São Paulo; ao fundo, a colega de trabalho Tamires e a mãe dela, Vanda (Foto: Roney Domingos/ G1)